Criando um cenário: repertório e escolhas.

Murilo Dada
3 min readMay 6, 2019

No post anterior eu escrevi os motivos que me levaram a começar a escrever um sistema próprio para um jogo no estilo west-marches. Falei um monte sobre sistemas que achava interessante e quase nada sobre o cenário, vamos tentar corrigir isso agora.

A minha vontade principal era mestrar um jogo com a tal “satisfação de campanha e estrutura de one-shot”. Não estava preso a um cenário ou gênero ficcional. Comecei a fazer uma lista de ideias que se encaixariam na proposta:

-Viajantes do espaço caem em um planeta desconhecido, sua nave é a base/cidade/colônia.
-Bandeirantes enviados para desbravar um continente.
-Uma máquina/templo do passado ressuscita os personagens em uma terra desconhecida.
-Refugiados de uma terra devastada encontram refúgio em um novo continente.
-Uma estranha magia sequestra pessoas de diferentes realidades/dimensões e as joga em um mundo desconhecido.
-O mundo a ser desbravado só é acessado por sonhos, em um ritual mágico.

Eu gostei muito da primeira e da última ideia desta lista, mas eu só teria tempo para jogar uma campanha por vez. Como fazia tempo que não jogava algo mais aventuresco, optei pela primeira. Foi então que comecei uma pesquisa por livros, filmes, séries e jogos que tivessem relação com essa ideia: viajantes do espaço presos em um planeta desconhecido.

Thundercats veio de forma automática à mente: era literalmente sobre refugiados do espaço em um planeta desconhecido que constroem uma base/colônia. Claro que o desenho animado, voltado para o público infantil, não tratava temas que eu estava ansioso para ver em um jogo, como risco de fome, sede e doenças na exploração de locais inóspitos, mas ele possuía muita coisa que eu achava interessante. Os Roberbills e Mumm-ra eram habitantes mais antigos do planeta enquanto os Mutantes eram recém-chegados como os Thundercats. Havia facções para se aliar, inimigos a se opor e uma variedade incrível de criaturas, ruínas e artefatos.

A segunda referência que me veio rápido à mente (e que denuncia minha idade), foi Elo Perdido (Land of The Lost). Na história não havia nenhuma nave espacial, a família Marshall vai parar em um mundo paralelo ao descer uma corredeira em um bote inflável. Lá encontram dinossauros, uma “raça” que lembram homens-das-cavernas, homens-lagartos agressivos vivendo em ruínas de uma civilização esquecida e tecnologia alienígena bizarra que funciona a partir de cristais coloridos.

Depois de pesquisar um tempo descobri o re-make da série Perdidos no Espaço. Não assisti ainda o original dos anos 60, mas pretendo corrigir isso em breve. A versão de 2018 envolve humanos (nada de homens-gato) que partem para se refugiar em Alpha Centauri, mas acabam parando em um outro planeta desconhecido. Eles encontram uma forma de vida robô-alienígena, mas boa parte da série envolve a família Robinson lidando com questões “corriqueiras” de um planeta desconhecido como atolamentos de veículo, obtenção de combustível, cura de ferimentos, falta de oxigênio, clima desconhecido… opa! Justamente o que estava sentindo falta na primeira referência dos Thundercats.

O jogo The Dig (1995) também possuía alguns temas que me atraiam, já que tinha um aspecto fantástico, mas mantinha um pé firme na ficção científica e tem algumas elementos cosméticos em comum com as outras referências acima como dimensões paralelas, cristais com efeitos praticamente sobrenaturais.

Continuei a pesquisa e percebi que estava me perdendo (afinal, é uma delícia pesquisar livros, séries e jogos). Decidi parar e excluir as referências que não faziam sentido e fugiam do escopo. Olhei novamente para as três primeiras e foquei no que estava procurando.

O que eu me determinei a fazer foi:

Um mundo onde personagens fogem do seu planeta natal e lutam pela sobrevivência em planeta desconhecido e hostil, habitado por civilizações antigas em decadência, grupos alienígenas refugiados de outros mundos, criaturas fantásticas e estranhos fenômenos naturais.

Se você tem outras referências que traduzem o que estou buscando, por favor, deixe um comentário.

A arte no começo do post é um rascunho da querida Luli Tozzi. Você pode ver o portfolio dela em:

http://Lulitozzi.com.br

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Written by Murilo Dada

Em geral, escrevo sobre jogos e mudo de opinião diante de novos fatos ou novas reflexões.

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